A clássica cena do abrir uma garrafa de vinho: numa reunião importante, entre amigos ou ainda num encontro romântico só pode ser protagonizada porque temos as rolhas. Sim, elas mesmas, as rolhas são responsáveis pelo charme e encantamento desse momento.
O uso da rolha só foi adotado quando se adaptou o armazenamento do vinho em recipiente de vidro de forma padronizada.
Isso ocorreu a partir do século XVII, quando o formato da garrafa de vinho que conhecemos nos dias atuais estabeleceu-se definitivamente. O desenvolvimento da rolha de cortiça foi um passo natural para o processo de guarda da bebida em garrafas de vidro.
Primeiramente, as rolhas de cortiça natural eram no formato cônico. Já no século XIX, o seu formato cilíndrico ganha vida através dos equipamentos desenvolvidos para serem capazes de introduzi-la no gargalo das garrafas.
As primeiras rolhas feitas a partir de aglomerados surgiram ainda neste século, e já no começo do XX surgem as rolhas de duas peças.
São três os principais tipos de rolhas fabricadas com a cortiça:
- a rolha maciça, feita de cortiça maciça, considerada a de melhor qualidade, e que pode chegar a dimensões de 55 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro;
- a rolha de aglomerado de cortiça, feita de sobras da cortiça maciça, moída e unificada com cola, tem elasticidade e durabilidade menores e são mais baratas;
- e a rolha de champagne, feita em formato de cogumelo, com duas partes distintas, a parte de cima mais rígida feita de aglomerado do material e a parte de baixo, elástica e maciça.
A cortiça, casca do tronco do sobreiro, é um tecido vegetal impermeável e flexível ao mesmo tempo, com uma estrutura que pode ser comprimida até metade do seu volume sem perder sua elasticidade.
Como se vê, as qualidades naturais da cortiça são muitas, por isso é considerada o material mais nobre para o engarrafamento de vinho. Ainda mais com um aspecto de raridade, já que a cortiça só pode ser retirada de árvores com idade entre 30 e 40 anos, e após essa primeira extração, apenas a cada 9 anos será possível sua retirada novamente.
O principal país produtor da cortiça é Portugal, responsável por cerca de 90% da cortiça produzida no mundo
E para que tudo dê certo ao abrir uma garrafa, é necessário a parceria do também clássico saca-rolhas.
Primeira menção ao saca-rolhas:
As garrafas de vinho já estavam sendo produzidas e já se sabia que a rolha de cortiça era a melhor forma de vedá-las, mas a maneira de retirá-las ainda era rudimentar. Antes de existir o saca-rolhas, a cortiça não era enfiada totalmente no gargalo para poder ser tirada com a mão. A primeira menção a um “parafuso de aço para retirar rolhas” é de 1681 e a palavra saca-rolhas só foi cunhada em 1720.
Como o mercado de produção de vinhos se expande cerca de 5% a 8% ao ano é natural que faltem rolhas, a solução mais prática e ecologicamente correta são as tampas de rosca, pois são feitas de alumínio, um produto presente em todo o mundo, totalmente reciclável e barato. Sim, se perde um pouco do charme de se abrir uma garrafa de vinho sem o saca-rolhas.
Dentro em breve, segundo especialistas, só os vinhos muito caros, espumantes e champanhes terão rolhas.
A verdade é que o mercado irá se adaptar sempre ao interesse do consumidor portanto, espaço para as rolhas sempre existirá, é tudo uma questão de adequação: a tradição é apreciada e conservada por muitos amantes do vinho, outros muitos preferem a exigência da qualidade industrial.